
Os motoristas profissionais de
todo o Brasil terão que fazer exames toxicológicos de larga janela de detecção,
em cumprimento à deliberação 145, de dezembro de 2015, do Departamento Nacional
de Trânsito (Denatran). Conhecido como teste do cabelo, esse exame permite
identificar o uso de drogas por um período de, pelo menos, 90 dias antes da
coleta. A medida foi aprovada nessa quarta-feira (2). Na avaliação do
coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, trata-se de uma medida
“extraordinária”. “É a primeira medida que se toma no país desde 1998, quando
entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Não havia nenhuma medida
para combater o uso de drogas por quem dirige de forma profissional”, disse.
Ele destacou que o exame não visa à fiscalização, mas à prevenção. Autor do
estudo “As drogas e os motoristas profissionais”, Rizzotto informou que, nos
Estados Unidos, as próprias empresas tiveram, há dez anos, a iniciativa de
fazer o teste do cabelo e conseguiram praticamente zerar os acidentes
envolvendo motoristas sob efeito de drogas. Naquele país, o teste de urina é
obrigatório há 30 anos, mas apresenta detecção de menor número de dias. Rizzotto
ressaltou a importância da medida para a saúde dos motoristas, porque “quem é
usuário de drogas vai ter que parar e, se for dependente, vai ter que buscar um
tratamento. É importante, do ponto de vista de saúde pública”, afirmou. Em
termos de segurança, a medida é importante, porque vai diminuir os acidentes. O
teste vai beneficiar toda a população brasileira, porque é exigido também dos
motoristas de ônibus, de vans e de transporte escolar.” Exames clínicos feitos
em caminhoneiros brasileiros voluntários que transportam as chamadas cargas de
horário, do tipo perecível, mostraram que chega a 50% o número de motoristas
que fazem uso de drogas. Desse total, 80% já são dependentes químicos e
necessitam de tratamento, disse Rizzotto. Ele afirmou que muitos motoristas
entram nas drogas porque são explorados, começam a usar rebite (droga sintética
produzida em laboratório) e, atualmente, cocaína; enquanto outros são
“irresponsáveis”. O coordenador do SOS Estradas disse acreditar que o teste do
cabelo vai ajudar também a combater a concorrência desleal. “Porque aquele que
não usa drogas não aceita fazer determinadas viagens.” Se um motorista faz, em
22 horas, por exemplo, uma viagem que dura normalmente 30 horas, “é porque o
cara não vai dormir”, explicou. No fundo, ele está baixando o valor do frete e
trabalhando em condições sub-humanas. Para ele, que a transportadora, se for
uma empresa séria, e não explorar o empregado, também não vai aceitar
determinados tipos de carga, nem condições adversas de transporte.
Fonte: Blog segurança pública