Relatório apresentado no
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, nesta terça-feira (08),
defendeu a redução da população carcerária brasileira e classificou as
audiências de custódia como “uma das mais importantes iniciativas em políticas
públicas para combater problemas em prisões arbitrárias e tortura”. O
documento, apresentado pelo relator especial contra a tortura, Juan Méndez, é
resultado de visita realizada por representantes da ONU a convite do governo
brasileiro. As audiências de custódia foram desenvolvidas pela atual gestão do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com os poderes públicos dos 27
Estados. Em pouco mais de um ano, evitaram mais de 15 mil prisões consideradas
desnecessárias, reduzindo a população de presos provisórios. A metodologia
consiste na apresentação do preso em flagrante a um juiz no prazo de até 24
horas, dando mais elementos para que o magistrado avalie a legalidade e a
necessidade da prisão até o julgamento do caso. Além disso, também são
registradas possíveis denúncias de tortuta ou maus tratos policiais. O relator
da ONU ainda incentivou a adoção de soluções alternativas ao encarceramento
pelo governo brasileiro, como o uso de tornozeleiras eletrônicas, e apontou o
êxito do projeto do CNJ citando números colhidos durante a visita.
“Estatísticas mostram que as audiências de custódia, onde aplicadas, resultaram
na liberação, entre 24 e 48 horas, de 43% dos detidos, em oposição aos 10%
observados anteriormente”, afirmou. Durante a visita ao país, Méndez participou
de reunião com o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Ricardo Lewandowski, na qual foi apresentado às iniciativas do
Judiciário brasileiro relativas ao sistema carcerário. “Ao invés de
construirmos novas prisões, estamos tentando evitar que pessoas que não devem
ir para as prisões sejam colocadas nos presídios”, disse o ministro. Atualmente,
segundo o CNJ, mais de 700 mil pessoas estão presas no Brasil. A taxa de encarceramento é de 193 para cada
100 mil habitantes.
Fonte: Ronda JC
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